Pianista Maria Teresa Madeira lança novo trabalho
Por Aquiles Reis – MPB4
Profunda conhecedora da obra do carioca Ernesto Nazareth – compositor que deixou marca indelével na música brasileira –, Maria não só realizou um trabalho de referência como demonstrou mestria e cumplicidade com a genialidade do autor, ele mesmo também um pianista que teve grande influência na evolução do manuseio do instrumento e na diversidade da música brasileira.
Com tangos, polcas, valsas, quadrilhas e lundus, Nazareth plantou sementes que derivaram no choro que, desde então, se moderniza através do legado gerado por ele e por alguns outros grandes compositores pioneiros.
São ao todo 215 obras concebidas por EN entre 1882 e 1924, todas agora reunidas. São obras já conhecidas de Nazareth, como Odeon, Confidências e Batuque; inéditas, como Encantador e Capricho, dentre outras; e algumas que, por não terem sido finalizadas por Nazareth, Maria tratou de concluir e adaptar para o piano. Exemplo disso são dois tangos, criados entre 1910 e 1920, uma cançoneta e um noturno. A todas Maria dedicou sua perseverança, seu desvelo e sua competência.
Embebida que estava da música de Nazareth, Maria conseguiu uma simbiose que fez com que suas artes se amalgamassem e viessem à luz numa só identidade. Coisa de fazer chorar a mais ranheta das criaturas.
No estúdio, era como se cada obra gravada fosse um parto sem dor, mas com ilimitado amor. Filhos mesmo, daqueles a quem orgulhosamente é dado o próprio nome e sobrenome. E foi assim que vieram ao mundo as crias de Maria Nazareth Ernesto Madeira Teresa.
No primeiro CD, sobressaem-se as valsas Recordações do Passado e Primorosa, a polca-lundu Você Bem Sabe e a quadrilha A Flor dos Meus Sonhos.
No segundo, brilham Brejeiro (note-se que esta composição, que hoje faz parte do repertório dos choros, foi composta por Nazareth como um tango brasileiro) e Crê e Espera, outra linda valsa.
No sexto disco tem vez a conhecida Ameno Resedá e a valsa lenta Turbilhão de Beijos. Já no sétimo, uma perfeita interpretação de Maria do clássico Apanhei-te, Cavaquinho, além da bela valsa Divina.
No nono, Maria arrasa no samba carnavalesco Mariazinha Sentada na Pedra e no samba Arrojado. No CD onze, o belo tango brasileiro Plangente e o tango de salão O Alvorecer se sobressaem.
Já no álbum doze, Resignação, outra valsa lenta e bonita, fecha a tampa do soberbo trabalho de Maria Teresa Madeira. Meu Deus! Vivas a ela por ajuntar e nos apresentar toda a obra de Ernesto Nazareth. E vivas a ele, um gênio da música popular brasileira!